nada de bom acontece depois das 2 da manhã...

Ouvi essa frase em How I meet your mother e fiquei sem entender de início. Tanta coisa acontece na noite, principalmente em São Paulo, que parecia meio estapafúrdio dizer que não dava para ser bom.
O tempo passou, voltei aqui para Jeri, e aqui a lei do silêncio começa as 2h00, e nesse mesmo horário os estabelecimentos não podem mais vender bebidas. As pessoas são compelidas a voltar para suas casas e pousadas.
Ontem  passei desse horário e ficamos no bar de uma amiga, a conversa estava boa, nos estendemos até mais tarde.
Passado das 2h15, virou um para raio de maluco, pararam 3 seres dos mais estranhos que a noite de Jeri tem a oferecer:
Sujeito #1: Gringo, com aquele sotaque que a gente imagina quando escuta a palavra, falava um português mega enrolado, e queria pagar cerveja para nós. Acabou se juntando, e era engraçado, não bebi a cerveja.
Sujeito #2: Brasileiro, vindo do sul de mochila, querendo desesperadamente fazer amigos, mas sendo daquele jeitinho petulante que sabe tudo, infelizmente típico de quem chega dessa região, com aquele papo se gabando das coisas que tem e tudo mais.
Sujeito #3: não falava nm português, voltando da balada, e sendo boy lixo, falei 30 segundos com ele, e ele me chamou para ir ao hotel dele, eu, a pessoa com a maior cara de poucos amigos.
Saí fugida, porque me recuso a viver situações assim. No caminho de casa, a praça contava com vários grupos de pessoas, cada um com  sua caixinha JBS ou similar tocando uma música diferente, parecia uma sucursal do inferno. Com todos os bares fechados e festas finalizadas, a galera ainda no auge do alcool e empolgação, acaba sobrando isso.
E então pensei, realmente nada de bom acontece depois das 2h00, principalmente se você estiver em Jeri, rs.

T.

"lá no meu lugar..."

O pessoal daqui costuma se referir ao lugar onde nasceram, como 'meu lugar', acho fofo!
Esses dias eu estava prestando atenção nesse jeito de comunicação daqui, e tem muitas diferenças, as vezes são tantas que parecem outro país, e isso é tão incrível e enriquecedor.
E falando em lugares, queria listar aqui, os nomes inusitados que eu já vi:

Carro Quebrado
Córrego do Urubú
Mangue Seco
Córrego da Forquilha
Córrego de Dentro
Córrego do Meio
Guriú
Tatajuba

Bom, tem muitos córregos, rs. E tem um monte de nomes que não lembro, e mais vários que nunca ouvi. O engraçado, é que mesmo o sotaque muda de um desses lugares para o outro, e o meu parece um outro idioma para eles, que sempre dizem não me entender... Mas uma hora dessas estarei falando cearencês com sucesso.

T.



A vida não é filme, você não entendeu.

Tem horas que a vida muda os planos por você.

Faz e desfaz as coisas, e no momento não parece fazer nenhum sentido. E nem precisa mesmo fazer sentido todo o tempo.
Já faz 09 meses que voltei, mas em quantidade e intensidade de coisas que vivi, parece muito mais. Eu trabalhei em 7 lugares, SETE. Finalmente me encontrei, na coragem de ter um negócio com a administração da Pousada Aqua, e no meu emprego na Pousada Mona Lisa.
Eu quero dividir aqui como foi essa jornada, mas sem queimar lugares ou pessoas, para isso, vou evitar nomes, salvo dos meus lugares amados atuais, e das experiências positivas.
Cheguei em Janeiro, e fui trabalhar para uma figurinha carimbada daqui, não deu certo, nossas idéias não batiam e fiquei lá por 15 dias, pois não dava para trabalhar sem acreditar. No mesmo tempo comecei a prestar serviços para a Aqua, que continuo até hoje, mas agora arrendada junto com uma sócia.
Fui em seguida trabalhar com a minha amiga Lilian, e tentamos reerguer o café onde tinha  representante da Caixa, ela já tem muitos projetos e acabou não sendo interessante seguir em frente. Continuei com a mãe dela ajudando em reservas da Pousada, quando consegui um job que parecia ser o do sonhos num hotel maior, que pensa em sustentabilidade, qualidade, e dá uma série de benefícios ao funcionário, além de uma remuneração descente. Comecei bem, tive um bônus pelo om trabalho, e 10 dias depois decidiram me mandar embora ao fim do contrato de experiência, pois eu não combinava com a equipe (?). Fiquei bem chateada, mas a vida segue. Fui para outro hotel grande, e me dei conta que vim para cá para ter uma vida mais simples, e esses lugares grandes nunca me proporcionariam isso, mesmo os que parecem de sonho.
Consegui um cargo na recepção da Pousada Mona Lisa, e seguia com minha consultoria na Aqua. Surgiu a possibilidade do arrendamento da Aqua, junto com uma promoção na Mona Lisa, e cá estou eu, com as 02 funções, mas muito feliz, conciliando a vida, os passeios, as festas e o trabalho. Me sinto muito mais tranquila e perto da minha essência, as 02 pousadas somam 15 quartos, e eu consigo sempre conhecer todos os hóspedes, além de conviver com os funcionários todos e trocar experiências.
Não tem nenhum dia que eu acorde querendo achar uma desculpa par não trabalhar, na verdade trabalhar passou a ser uma parte importante e feliz da minha vida, e eu finalmente estou conseguindo o meu tão sonhado equilíbrio!
O lugar dos sonhos, tem que ser do seu sonho, e não do imaginário coletivo. A parte difícil é conseguir separar os dois para correr atrás!

XOXO
T.

Sobre os videos das causianes que querem aparecer na mídia e estão falando para ninguém vir a Jeri:

1. Aqui tem delegacia, e carro de polícia que faz ronda todos os dias. De fato para algumas coisas maiores é necessário ir a Jijoca, mas existe sim a presença da polícia aqui.
2. As pessoas usam drogas sim, igual a São Paulo, Rio, e tantos outros lugares. Todo fim de expediente eu ia para a estação, e passava pelas ruas do Jardim Europa, e sentia cheio de maconha em vários pontos. Em tudo que é festa e balada tem drogas, seja aqui, ou onde for. Lidem com isso, e resolvam o problema direito. Legaliza, fiscaliza, mas não reclama sem fazer nada!
3. O crime é um fato social, não há nenhuma sociedade em que ele não está presente, só quando atinge níveis muito elevados é que se torna patológico, então para essas queridas comentaristas de fatos aleatórios, fica a grande dica de estudar sociologia, e entender o que forma e compõe uma sociedade.
4. Jeri, é uma sociedade, e como citei acima, tem crimes. Mas morando aqui e já tendo morado em São Paulo, posso afirmar por experiência que está bem longe de ser alarmante. Andamos de madrugada sozinhas, vamos a praia, fazemos coisas impensáveis em grandes cidades, e estamos bem. É claro que acontecem alguns problemas, mas nada que justifique todo esse alarde. O crime misterioso que citam para fazer mais barulho foi cometido aparentemente por gente de fora, vejam bem...
5. "Onde houverem pessoas, haverão pessoas." E pessoas são más, são boas, são honestas, são desonestas, sã sãs, são malucas, e é isso que a humanidade é, uma grande mistura de gente de todo tipo. Eu não questiono que essa briga rolou, e não deixo de achar ridículo, não acredito na violência como solução, mas daí a colocar isso como verdade absoluta de uma localidade, falta senso crítico.
6. Não sei quem são os ditos amigos, e não estava no dia,mas o que acontece com muita frequência, é o turista chegar aqui, e acreditar que aqui é uma terra de ninguém, onde tudo pode em nome da sua própria diversão, então, se você pensa assim, não venha mesmo a Jeri.
7. A diferença cultural nos interiores do Brasil é muito grande se comparada agrades capitais, então no lugar desse monte crítica aos povos e populações d lugares diferentes do seu núcleo, porque não tentar entender essas diferenças, e fazer ago para amenizá-las no lugar de excluir e marginalizar? Chega de textão, é hora de votar direito, se envolver em projetos sociais e fazer uma diferença real, e não ficar só fazendo vídeo e texto de reclamação sem solução.
8. Incitar as pessoas a cancelarem viagens por causa de meia duzia de pessoas, é ameaçar no meio da crise o emprego de centenas de brasileiros e mesmo de alguns estrangeiros que vivem aqui. Que apesar das circunstancias da vida, da crise e de tudo mais, ganham seu sustento aqui, nos hotéis, pousadas, lojas e restaurantes. É tirar a possibilidade do filho da camareira de ter uma vida melhor, da família do segurança se alimentar com dignidade, do empresário de investir... Enfim, pense bem no que se fala, as palavras realmente tem poder, principalmente quando faladas por gente que está em 'destaque' na mídia.
9. Vamos ser mais tolerantes, e diminuir esses conflitos e bate bocas, o mundo está ficando um lugar ruim, e temos que fazer algo p virar esse jogo.
Talitta, osasquence que escolheu Jeri como lar.
Ps.: me passa esse hotel 5 estrelas na Europa por R$ 200,00 que já quero!

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...e se a dor é de saudade...

Para quem fica, quem vai embora pode parecer alguém que não se importa.
Mas a gente se importa, e se importa muito. 
Tem dias que a saudade faz todas as conquistas parecerem inúteis e infundadas. 

A vida as vezes fica sufocante, e a gente sente uma necessidade de partir, para não explodir, para continuar viva, para ser feliz.
Mas estar longe tem esse contra enorme de não poder estar com os seus, de não participar dos pequenos e grandes momentos, de não ter ao lado nossos intensos e importantes amores. 
Eu sinto saudades todos os dias, mas alguns são piores que outros. 
Nos piores me sinto egoísta por ter largado tudo e a todos, por não fazer meu papel de presente na vida de quem eu amo.
Mas então, eu faço uma reflexão de tudo que eu construí e evoluí internamente e percebo que não podia ser diferente, se eu tivesse ficado não teria nada do que tenho agora a oferecer, não desenvolveria meu potencial e não seria essa Talitta, que eu realmente gosto muito de ser.
Então, peço desculpas por não estar aí com vocês, mas eu precisava partir para ser eu mesma, mas meu amor, apesar da distância, só cresce!

T.

Fechada para Balanço

Eu recebo eventualmente alguns emails, de pessoas querendo que eu diga como é sensacional viver aqui, e como elas deveriam fazer isso também.
Tenho 2 pontos sobre isso:

1. Não faço consultoria de como largar tudo e viver em Jeri. Não sou especialista nisso, tenho a minha experiência, que é diferente das outras pessoas.
2. A parte da minha vida que eu gostaria de dividir, eu já coloco aqui, nas postagens abertas. Adoro saber que minhas experiências podem inspirar outras pessoas a agirem a favor das mudanças nas próprias vidas, mas não tenho interesse de compartilhar detalhes da minha vida particular (desculpa se soa mal, arrogante, ou qualquer coisa do gênero).

Então, pessoa que esta lendo, isso que tenho aqui, é o que posso te oferecer, e espero de verdade que ajude, mas sinto se não for o bastante, pois é só o que tenho.

Uma foto de Jeri nesses últimos dias para vocês me odiarem menos:


Sol se pondo na Praia da Malhada, visto do hotel Chilli Beach.

XOXO
T.

"eu não vim até aqui pra desistir agora...

...minhas raízes estão no (m)ar minha, casa é qualquer lugar, se depender de mim eu vou até o fim."

Dependendo do ponto de vista eu posso dizer que tudo deu bem errado até agora:
- O emprego pelo que vim se mostrou uma cilada. O dono tinha conceitos de trabalho muito diferentes dos meus (e das leis), e eu tive que sair por simplesmente não ser possível ir tão contra o que sou/acredito.
- O café que tentei pegar o bonde andando com a minha amiga precisava de um incentivo financeiro a mais que nós simplesmente não tínhamos.
- Fiquei 2 meses em uma experiência muito bacana de trabalho, que estava se mostrando muito interessante e com potencial. Mas sem nenhuma explicação, fui desligada (não foi uma daquelas coisas em que a pessoa não vê os sinais, eles simplesmente não aconteceram). E a experiencia "Você está demitida - by Roberto Justus", me fez sentir coisas bem estranhas, principalmente por não ter sido apontado um motivo real, Robertinho ao menos apontava as falhas. O mais perto de justificativa foi ser muito de São Paulo, rs.
- Ficaram me devendo dinheiro em umas situações.
- Eu sinto saudades demais, de um jeito muito mais intenso que antes, a vida adulta traz vínculos mais fortes, e as pessoas acabam sendo partes de nós, se afastar dói. Sair de São Paulo - Capital, também foi diferente se comparado a ter saído de Osasco, São Paulo é um mar das possibilidades que não se compara a muita coisa.

Do meu ponto de vista, deu tudo bem certo:
- Larguei meus remédios de ansiedade, e tô vivendo, rs.
- Reencontrei uma série de pessoas muito queridas e amadas que me fazem perceber que a humanidade deu certo sim. Conheci mais um punhado de gente que vale demais a pena.
- Tenho o Thiago perto de mim, que tem horas que me deixa maluca, mas que na realidade tem sido a minha pessoa, e está sempre disposto a ajudar e aconselhar, e as vezes a querer me matar, hahaha.
- Estou vivendo a alguns dias a experiência de morar completamente sozinha, e isso tem trazido tantas coisas boas que ainda vão render muitos textos, mas não vou dar spoilers.
- Nessa situação inesperada de mudança de planos financeiros e de carreira imediata, meus amigos novos e antigos se puseram tão solícitos, me fizeram sentir tão querida, e com essa impressão de que estou fazendo algo certo, que por mais que eu ache a palavra banalizada a sensação de gratidão pela vida e pelo que realmente importa me encheu o peito.
- E o resto voltou a ser mar...e isso simplesmente não tem preço.

No meio de tudo isso, só dá para pensar naquela teoria de Deus escrever certo nas linhas tortas, e esperar que o ditado daqui se profetize e tudo 'dê certo'! Porque eu não vou mesmo desistir.

xoxo
T.