nada de bom acontece depois das 2 da manhã...

Ouvi essa frase em How I meet your mother e fiquei sem entender de início. Tanta coisa acontece na noite, principalmente em São Paulo, que parecia meio estapafúrdio dizer que não dava para ser bom.
O tempo passou, voltei aqui para Jeri, e aqui a lei do silêncio começa as 2h00, e nesse mesmo horário os estabelecimentos não podem mais vender bebidas. As pessoas são compelidas a voltar para suas casas e pousadas.
Ontem  passei desse horário e ficamos no bar de uma amiga, a conversa estava boa, nos estendemos até mais tarde.
Passado das 2h15, virou um para raio de maluco, pararam 3 seres dos mais estranhos que a noite de Jeri tem a oferecer:
Sujeito #1: Gringo, com aquele sotaque que a gente imagina quando escuta a palavra, falava um português mega enrolado, e queria pagar cerveja para nós. Acabou se juntando, e era engraçado, não bebi a cerveja.
Sujeito #2: Brasileiro, vindo do sul de mochila, querendo desesperadamente fazer amigos, mas sendo daquele jeitinho petulante que sabe tudo, infelizmente típico de quem chega dessa região, com aquele papo se gabando das coisas que tem e tudo mais.
Sujeito #3: não falava nm português, voltando da balada, e sendo boy lixo, falei 30 segundos com ele, e ele me chamou para ir ao hotel dele, eu, a pessoa com a maior cara de poucos amigos.
Saí fugida, porque me recuso a viver situações assim. No caminho de casa, a praça contava com vários grupos de pessoas, cada um com  sua caixinha JBS ou similar tocando uma música diferente, parecia uma sucursal do inferno. Com todos os bares fechados e festas finalizadas, a galera ainda no auge do alcool e empolgação, acaba sobrando isso.
E então pensei, realmente nada de bom acontece depois das 2h00, principalmente se você estiver em Jeri, rs.

T.

"lá no meu lugar..."

O pessoal daqui costuma se referir ao lugar onde nasceram, como 'meu lugar', acho fofo!
Esses dias eu estava prestando atenção nesse jeito de comunicação daqui, e tem muitas diferenças, as vezes são tantas que parecem outro país, e isso é tão incrível e enriquecedor.
E falando em lugares, queria listar aqui, os nomes inusitados que eu já vi:

Carro Quebrado
Córrego do Urubú
Mangue Seco
Córrego da Forquilha
Córrego de Dentro
Córrego do Meio
Guriú
Tatajuba

Bom, tem muitos córregos, rs. E tem um monte de nomes que não lembro, e mais vários que nunca ouvi. O engraçado, é que mesmo o sotaque muda de um desses lugares para o outro, e o meu parece um outro idioma para eles, que sempre dizem não me entender... Mas uma hora dessas estarei falando cearencês com sucesso.

T.



A vida não é filme, você não entendeu.

Tem horas que a vida muda os planos por você.

Faz e desfaz as coisas, e no momento não parece fazer nenhum sentido. E nem precisa mesmo fazer sentido todo o tempo.
Já faz 09 meses que voltei, mas em quantidade e intensidade de coisas que vivi, parece muito mais. Eu trabalhei em 7 lugares, SETE. Finalmente me encontrei, na coragem de ter um negócio com a administração da Pousada Aqua, e no meu emprego na Pousada Mona Lisa.
Eu quero dividir aqui como foi essa jornada, mas sem queimar lugares ou pessoas, para isso, vou evitar nomes, salvo dos meus lugares amados atuais, e das experiências positivas.
Cheguei em Janeiro, e fui trabalhar para uma figurinha carimbada daqui, não deu certo, nossas idéias não batiam e fiquei lá por 15 dias, pois não dava para trabalhar sem acreditar. No mesmo tempo comecei a prestar serviços para a Aqua, que continuo até hoje, mas agora arrendada junto com uma sócia.
Fui em seguida trabalhar com a minha amiga Lilian, e tentamos reerguer o café onde tinha  representante da Caixa, ela já tem muitos projetos e acabou não sendo interessante seguir em frente. Continuei com a mãe dela ajudando em reservas da Pousada, quando consegui um job que parecia ser o do sonhos num hotel maior, que pensa em sustentabilidade, qualidade, e dá uma série de benefícios ao funcionário, além de uma remuneração descente. Comecei bem, tive um bônus pelo om trabalho, e 10 dias depois decidiram me mandar embora ao fim do contrato de experiência, pois eu não combinava com a equipe (?). Fiquei bem chateada, mas a vida segue. Fui para outro hotel grande, e me dei conta que vim para cá para ter uma vida mais simples, e esses lugares grandes nunca me proporcionariam isso, mesmo os que parecem de sonho.
Consegui um cargo na recepção da Pousada Mona Lisa, e seguia com minha consultoria na Aqua. Surgiu a possibilidade do arrendamento da Aqua, junto com uma promoção na Mona Lisa, e cá estou eu, com as 02 funções, mas muito feliz, conciliando a vida, os passeios, as festas e o trabalho. Me sinto muito mais tranquila e perto da minha essência, as 02 pousadas somam 15 quartos, e eu consigo sempre conhecer todos os hóspedes, além de conviver com os funcionários todos e trocar experiências.
Não tem nenhum dia que eu acorde querendo achar uma desculpa par não trabalhar, na verdade trabalhar passou a ser uma parte importante e feliz da minha vida, e eu finalmente estou conseguindo o meu tão sonhado equilíbrio!
O lugar dos sonhos, tem que ser do seu sonho, e não do imaginário coletivo. A parte difícil é conseguir separar os dois para correr atrás!

XOXO
T.

Sobre os videos das causianes que querem aparecer na mídia e estão falando para ninguém vir a Jeri:

1. Aqui tem delegacia, e carro de polícia que faz ronda todos os dias. De fato para algumas coisas maiores é necessário ir a Jijoca, mas existe sim a presença da polícia aqui.
2. As pessoas usam drogas sim, igual a São Paulo, Rio, e tantos outros lugares. Todo fim de expediente eu ia para a estação, e passava pelas ruas do Jardim Europa, e sentia cheio de maconha em vários pontos. Em tudo que é festa e balada tem drogas, seja aqui, ou onde for. Lidem com isso, e resolvam o problema direito. Legaliza, fiscaliza, mas não reclama sem fazer nada!
3. O crime é um fato social, não há nenhuma sociedade em que ele não está presente, só quando atinge níveis muito elevados é que se torna patológico, então para essas queridas comentaristas de fatos aleatórios, fica a grande dica de estudar sociologia, e entender o que forma e compõe uma sociedade.
4. Jeri, é uma sociedade, e como citei acima, tem crimes. Mas morando aqui e já tendo morado em São Paulo, posso afirmar por experiência que está bem longe de ser alarmante. Andamos de madrugada sozinhas, vamos a praia, fazemos coisas impensáveis em grandes cidades, e estamos bem. É claro que acontecem alguns problemas, mas nada que justifique todo esse alarde. O crime misterioso que citam para fazer mais barulho foi cometido aparentemente por gente de fora, vejam bem...
5. "Onde houverem pessoas, haverão pessoas." E pessoas são más, são boas, são honestas, são desonestas, sã sãs, são malucas, e é isso que a humanidade é, uma grande mistura de gente de todo tipo. Eu não questiono que essa briga rolou, e não deixo de achar ridículo, não acredito na violência como solução, mas daí a colocar isso como verdade absoluta de uma localidade, falta senso crítico.
6. Não sei quem são os ditos amigos, e não estava no dia,mas o que acontece com muita frequência, é o turista chegar aqui, e acreditar que aqui é uma terra de ninguém, onde tudo pode em nome da sua própria diversão, então, se você pensa assim, não venha mesmo a Jeri.
7. A diferença cultural nos interiores do Brasil é muito grande se comparada agrades capitais, então no lugar desse monte crítica aos povos e populações d lugares diferentes do seu núcleo, porque não tentar entender essas diferenças, e fazer ago para amenizá-las no lugar de excluir e marginalizar? Chega de textão, é hora de votar direito, se envolver em projetos sociais e fazer uma diferença real, e não ficar só fazendo vídeo e texto de reclamação sem solução.
8. Incitar as pessoas a cancelarem viagens por causa de meia duzia de pessoas, é ameaçar no meio da crise o emprego de centenas de brasileiros e mesmo de alguns estrangeiros que vivem aqui. Que apesar das circunstancias da vida, da crise e de tudo mais, ganham seu sustento aqui, nos hotéis, pousadas, lojas e restaurantes. É tirar a possibilidade do filho da camareira de ter uma vida melhor, da família do segurança se alimentar com dignidade, do empresário de investir... Enfim, pense bem no que se fala, as palavras realmente tem poder, principalmente quando faladas por gente que está em 'destaque' na mídia.
9. Vamos ser mais tolerantes, e diminuir esses conflitos e bate bocas, o mundo está ficando um lugar ruim, e temos que fazer algo p virar esse jogo.
Talitta, osasquence que escolheu Jeri como lar.
Ps.: me passa esse hotel 5 estrelas na Europa por R$ 200,00 que já quero!

Compartilhado do meu perfil do Facebook!

...e se a dor é de saudade...

Para quem fica, quem vai embora pode parecer alguém que não se importa.
Mas a gente se importa, e se importa muito. 
Tem dias que a saudade faz todas as conquistas parecerem inúteis e infundadas. 

A vida as vezes fica sufocante, e a gente sente uma necessidade de partir, para não explodir, para continuar viva, para ser feliz.
Mas estar longe tem esse contra enorme de não poder estar com os seus, de não participar dos pequenos e grandes momentos, de não ter ao lado nossos intensos e importantes amores. 
Eu sinto saudades todos os dias, mas alguns são piores que outros. 
Nos piores me sinto egoísta por ter largado tudo e a todos, por não fazer meu papel de presente na vida de quem eu amo.
Mas então, eu faço uma reflexão de tudo que eu construí e evoluí internamente e percebo que não podia ser diferente, se eu tivesse ficado não teria nada do que tenho agora a oferecer, não desenvolveria meu potencial e não seria essa Talitta, que eu realmente gosto muito de ser.
Então, peço desculpas por não estar aí com vocês, mas eu precisava partir para ser eu mesma, mas meu amor, apesar da distância, só cresce!

T.

Fechada para Balanço

Eu recebo eventualmente alguns emails, de pessoas querendo que eu diga como é sensacional viver aqui, e como elas deveriam fazer isso também.
Tenho 2 pontos sobre isso:

1. Não faço consultoria de como largar tudo e viver em Jeri. Não sou especialista nisso, tenho a minha experiência, que é diferente das outras pessoas.
2. A parte da minha vida que eu gostaria de dividir, eu já coloco aqui, nas postagens abertas. Adoro saber que minhas experiências podem inspirar outras pessoas a agirem a favor das mudanças nas próprias vidas, mas não tenho interesse de compartilhar detalhes da minha vida particular (desculpa se soa mal, arrogante, ou qualquer coisa do gênero).

Então, pessoa que esta lendo, isso que tenho aqui, é o que posso te oferecer, e espero de verdade que ajude, mas sinto se não for o bastante, pois é só o que tenho.

Uma foto de Jeri nesses últimos dias para vocês me odiarem menos:


Sol se pondo na Praia da Malhada, visto do hotel Chilli Beach.

XOXO
T.

"eu não vim até aqui pra desistir agora...

...minhas raízes estão no (m)ar minha, casa é qualquer lugar, se depender de mim eu vou até o fim."

Dependendo do ponto de vista eu posso dizer que tudo deu bem errado até agora:
- O emprego pelo que vim se mostrou uma cilada. O dono tinha conceitos de trabalho muito diferentes dos meus (e das leis), e eu tive que sair por simplesmente não ser possível ir tão contra o que sou/acredito.
- O café que tentei pegar o bonde andando com a minha amiga precisava de um incentivo financeiro a mais que nós simplesmente não tínhamos.
- Fiquei 2 meses em uma experiência muito bacana de trabalho, que estava se mostrando muito interessante e com potencial. Mas sem nenhuma explicação, fui desligada (não foi uma daquelas coisas em que a pessoa não vê os sinais, eles simplesmente não aconteceram). E a experiencia "Você está demitida - by Roberto Justus", me fez sentir coisas bem estranhas, principalmente por não ter sido apontado um motivo real, Robertinho ao menos apontava as falhas. O mais perto de justificativa foi ser muito de São Paulo, rs.
- Ficaram me devendo dinheiro em umas situações.
- Eu sinto saudades demais, de um jeito muito mais intenso que antes, a vida adulta traz vínculos mais fortes, e as pessoas acabam sendo partes de nós, se afastar dói. Sair de São Paulo - Capital, também foi diferente se comparado a ter saído de Osasco, São Paulo é um mar das possibilidades que não se compara a muita coisa.

Do meu ponto de vista, deu tudo bem certo:
- Larguei meus remédios de ansiedade, e tô vivendo, rs.
- Reencontrei uma série de pessoas muito queridas e amadas que me fazem perceber que a humanidade deu certo sim. Conheci mais um punhado de gente que vale demais a pena.
- Tenho o Thiago perto de mim, que tem horas que me deixa maluca, mas que na realidade tem sido a minha pessoa, e está sempre disposto a ajudar e aconselhar, e as vezes a querer me matar, hahaha.
- Estou vivendo a alguns dias a experiência de morar completamente sozinha, e isso tem trazido tantas coisas boas que ainda vão render muitos textos, mas não vou dar spoilers.
- Nessa situação inesperada de mudança de planos financeiros e de carreira imediata, meus amigos novos e antigos se puseram tão solícitos, me fizeram sentir tão querida, e com essa impressão de que estou fazendo algo certo, que por mais que eu ache a palavra banalizada a sensação de gratidão pela vida e pelo que realmente importa me encheu o peito.
- E o resto voltou a ser mar...e isso simplesmente não tem preço.

No meio de tudo isso, só dá para pensar naquela teoria de Deus escrever certo nas linhas tortas, e esperar que o ditado daqui se profetize e tudo 'dê certo'! Porque eu não vou mesmo desistir.

xoxo
T.


Responsabilidade.

Tem um tempo que eu não posto., comecei vários textos e deixei para trás.
O motivo disso, é que alguma pessoas chegam até mim através do blog querendo uma fórmula mágica de mudança e felicidade, e isso me assusta muito!
Eu sou feliz aqui, mas por motivos completamente internos. Tudo já deu tanto errado nessa versão Jeri 2017, que seu eu listar aqui vocês vão me perguntar porque eu insisto.
Eu insisto porque gosto, a proximidade do mar me faz feliz, não precisar dirigir me faz feliz, o estilo de vida, andar de chinelo, comer peixe fresco, olhar a lua e as estrelas, saber os horários das marés.

Mas tem uma série de coisas que me irrita: não ter banco, a internet ser ruim, a quantidade de areia que junta na casa, a dificuldade para conseguir resolver coisas simples, os preços absurdos dos aluguéis de casas horrorosas, a falta de respeito com as leis trabalhistas, afinal, a flexibilização da CLT chegou aqui a muito tempo. Mas na minha balança, os prós pesam mais.

A questão toda, é que a balança de cada um é calibrada de um jeito, e minha experiência e gostos não podem ser levados como modelo, não é uma ciência exata. Então se você quer vir morar aqui, venha pelo motivo certo, que é querer, e lembre sempre que assim como pode dar muito errado, pode também dar muito certo, como qualquer coisa na vida.
XOXO
T.

FAQ - parte 2 - moradia em jeri!

Algumas pessoas tem me procurado para saber como funciona morar aqui.
Largar tudo não é uma ciência exata, cada experiência é de um jeito, e ada um consegue suportar certa quantidade de provações.
Vou contar sobre a minha experiência, e sobre o que sei daqui, com base nessa fase de 2017.
Eu vim com  um trampo certo, que supostamente pagaria minha moradia e ia ser tranquilo, mas o trampo deu errado e não foi bem assim. Como eu já tenho amigos aqui, isso facilitou minha vida.
Acabei no primeiro momento morando com a Lilian, em uma casa de dois quartos e dois banheiros, antiga, mas bem centralizada, morávamos ela, Dudu e eu.

Com todas as minhas mudanças de emprego, acabou sendo mais conveniente vir para uma outra casa, de uma outra amiga de desde a outra vez que morei aqui, também tem 2 quartos e 2 banheiros, é maravilhosa, mas fica mais afastadinha.

As pessoas aqui normalmente dividem as casas, com conhecidos, ou desconhecidos que se tornam conhecidos, rs. Às vezes é bom (quase sempre tive sorte, um dia conto a única má sorte de 2010), e às vezes é ruim, como tudo nessa vida.
Aqui não tem imobiliária, então, a coisa funciona no boca a boca, ver plaquinhas na rua, e anúncios nos grupos do Facebook (mural Jericoacoara, mural de jeri...), não é viável conseguir uma casa sem já estar aqui.

Custos
Já não é mais barato viver aqui, e existem vários tipos de opções.
Recentemente, procurando junto com o Thiago, vimos algumas coisas, casas de 1 quarto entre R$ 800 e R$ 1200, quartos de R$ 600 (já com as contas), apartamento de 2 quartos por R$ 1800, gente que divide os quartos e fica uns R$ 400 por pessoa. Resumindo, várias faixas de preço e possibilidades.
Tem que procurar bem, algumas casas são bem feinhas, e cobram muito caro, e outras bem maravilhosas, só que mais afastadas. Então, não é barato morar, mas é possível.

Thiago estra trabalhando no Blue Group, eles sempre tem vagas de emprego, estão com 5 empreendimentos hoteleiros, e o bacana deles, é que eles tem um alojamento para os funcionários (uma vilinha de casas, nunca fui, não sei bem como é), eles contratam as pessoas a distância, então pode ser uma alternativa bacana para quem quer se arriscar, mas com alguma segurança.

Espero ter sido útil. Vou fazer mais posts informativos sobre essas questões cotidianas.

XOXO


He's a boy! He's my friend! But he's not my boyfriend!!!!

Eu podia começar esse post com uma foto, mas ele odeia fotos dele espalhadas pela rede, e por hoje vou poupá-lo da exposição por imagens, apenas hoje.

Era uma vez um app, um garoto e uma garota. Deram match! Se descobriram 2 malucos, e por motivações que fogem a compreensão humana, viraram amigos se falavam todos os dias, e descobriram o apreço mútuo de reclamar da vida.

Um dia a garota decidiu se mudar para Jericoacoara, e quando contou a ele, perguntou "porque você não vai também?", e por mais uma porção de motivações que fogem a compreensão humana, ele foi!

Esse é o resumo rápido dos porquês do Thiago estar aqui, morando na vila, mais precisamente comigo.
Hoje ele começou o trampo novo, mudou de vida, de edição de vídeo para recepção de hotel, com direito a uniforme e tudo. Eu fico torcendo aqui, que essa maluquice dele dê certo, que ele seja felizinho aqui, igual eu sou. E que a gente continue assim, parceiros de uma experiência maluca e cheia de desafios!

Obrigada  por fazer meus dias no vilarejo mais felizes Thiago!

Ps.: Se eu não escrever isso ele vai reclamar, então que todos saibam que ele já é o lavador de louças e banheiro oficial (e lava bem).


Reflexões Endometrióticas

Eu descobri, depois que voltei para cá, que a endometriose tava de volta. Em tese ela nunca vai, mas eu andava bem melhor.
Descobri depois porque deixei para fazer meus exames na visita a São Paulo, ainda bem! Provavelmente teria desistido de vir se tivesse tido a certeza antes, a distância de médicos, as possibilidades de ficar pior longe da família, o medo de não dar conta, antes de vir tudo parecia mais surreal, estar doente aqui parecia uma loucura, mas ficar doente é uma loucura, e não foi nem um pouco fácil passar pelas crises de dor em São Paulo.
Terça eu tive uma crise aqui, e pude ficar em casa, sem atrapalhar no trabalho, e sem o trabalho atrapalhar a mim. Foi bem tenso, tive um pouco de medo de ter que ir ao médico, uma coisa que me assusta muito aqui, o atendimento, os médicos já são sempre sem nenhuma compreensão ou tolerância para endometriose, e acabo tendo a impressão que aqui vai ser ainda pior, pode ser um preconceito, mas me deixa apreensiva mesmo.
Acabei me abrindo para pensamentos mais amplos. As coisas que nos travam são muito imaginárias, os obstáculos não costumam ser reais, o medo, e no meu caso a ansiedade, faz com que o desespero pelo futuro me congele em situações que no final das contas nem são boas, mas já estão acontecendo, e por isso menos assustadoras.
O que eu quero dizer, é que se a gente quer largar tudo, o que mesmo de pior pode acontecer? Tudo! Mas se a gente continuar na caixa do conformismo, o que de pior pode acontecer? Tudo também!
Então, que venha tudo que tiver de acontecer!
T.

Chove chuva...chove sem parar!

Estamos aqui no que os nativos chamam de inverno!

Que nada mais é do que a temporada de chuvas aqui na região, mas de frio, esse 'inverno' não tem nada. Ficamos com a sensação de estar dentro de uma estufa, uma umidade e um calor que fica difícil de aguentar! As coisas mofam, as alergias aparecem, e não tem nenhum lugar que fique livre desse efeito inverno!
Aqui dificilmente chove o dia todo, e é possível aproveitar belos períodos de sol, e é essa chuva que abastece as lagoas, então ela é mais do que bem vinda para garantir lagoas lindas pelo resto do ano!
Eu tô sentindo falta mesmo de delivery, rs. Tanto os de comida, como as entregas de produtos, fazer supermercado pela internet, comprar qualquer coisa pela internet sem pagar taxa, ahhhh, tantas opções que a gente não sente falta de nada. 
Esses dias eu queria molho barbecue, e não tem! Queria um shampoo que achava em qualquer canto, e nada. São coisas tão cotidianas, que a gente nem se dá conta de quanto usa. E com essa chuva, ah, as vezes eu só quero uma entrega de pizza.

T.

Vivendo em...minha vida!

O blog em tese é sobre a experiência de morar em Jeri, mas não tenho dissociar da minha vida.
Eu sou uma outra Talitta, menos perdida em alguns sentidos, mais certa de algumas vontades, mas ainda em busca do equilíbrio.
Em São Paulo a gente trabalha demais, aqui tende a querer o oposto, o prazer, a 'vida boa', mas não é bem assim, né? Nosso modelo de sociedade exige mais, e precisamos de mais, para nos desenvolvermos moral e eticamente.
Eu tenho trabalhado mais do que eu gostaria, mas menos do que eu estava acostumada, rs. Tlvez tenha que me acostumar com esse novo tanto? rs

Outra coisa que mudou radicalmente em mim foi meu jeito de enxergar o mundo e o machismo nas pequenas coisas, aparentemente esse tempo para pensar melhor me fez ver com mais atenção as nuances do tratamento diferenciado de cada dia:
"Assim já pode casar!"
"Você não sabe do que está falando!"
"Linda!" "Amor!" "Querida!"
Toques inapropriados durante uma conversa.
etc
etc
Mas e eu?
O que eu vou fazer diante disso? Não vejo como solução virar uma chatonilda que reclama e briga com todo mundo, mas também não acho que baixar a cabeça resolve.
Então mundo, eu pergunto para vocês? Como acha o equilíbrio nessa vida?

Lembranças da pontinha do Brasil!

Trabalhando em Jericoacoara...o retorno!

Aqui trabalhar toma uma nova proporção, um novo significado, uma nova dimensão!

O custo de vida subiu astronomicamente nesses anos em que não estive aqui, a vila cresceu, tem mais estabelecimentos, mas a oferta de moradia é muito pequena, o que elevou os custos a surrealidade que se equipara a São Paulo.

Mas os salários, esses continuam os mesmos, a mesma base. A solução acaba sendo dividir a casa, com colegas, conhecidos, amigos, gente recém chegada. O que faz que tudo seja mais intenso, as relações são mais rápidas, a intimidade conquistada com menos tempo. O nque me faz pensar, que esses quase 2 meses que estou aqui (dos quais 15 dias voltei para SP), parecem um ano. O tempo aqui passa em outra frequência!

Eu vim para trabalhar em uma pousada, ia fazer isso e uns freela. Por motivações variadas não deu certo. Eu saí de São Paulo para ter uma vida mais tranquila, e o trabalho estava indo contra meus propósitos. Hoje faço um freela em reservas para uma pousada, trabalho num receptivo e num café (que é o escritório do receptivo). Parece pesado, mas na verdade não é. São coisas que me fazem feliz, e me dão dinheiro para viver e pagar os eternos boletos. Mesmo com as 3 funções, sinto muito menos pressão do que em São Paulo, serão sempre fases, mas estou me sentindo bem nessa, e é isso que realmente importa!

Ah, esqueci de citar, que me cadastrei como freela, e estou vendendo serviços de viagem pela Agaxtur, se alguém precisar de algo, rs.

T.

Adaptação!

Ainda estou no período de me adaptar.
Não sei bem o que estou sentindo, nem o que estou fazendo, rs
Meu plano é ir resolvendo uma coisa de cada vez, até a vida se estabilizar nos eixos.
Trouxe algumas coisas que me mantinham bem em São Paulo, meus livros, minha terapia, agora via Skype, minhas conversas virtuais com meus amigos (e-mail, whats, telefone...).
Aliás, ter esse tipo de acesso está fazendo muita diferença na minha vida, sinto falta das minhas pessoas, mas de certa forma tenho muito mais delas do que tive da outra vez,
Hoje especificamente, eu estou feliz, tenho até um guarda roupas, rs
No mais, sigo vivendo e me descobrindo!

Primeira segunda impressão

não é minha primeira vez em Jeri.
como dá para perceber, eu já morei aqui.
hoje na terapia (que continuei via Skype), cheguei a conclusão que nós não somos, apenas estamos, e nesse momento, estou diferente do que fui em 2010, a vila também.
e isso é bom, torna a experiência autêntica, diferente, especial.
ainda não sei bem o que estou sentindo, estou apenas vivendo, e acho que em breve terei várias histórias para contar aqui!

"vamos nos jogar onde já caímos..."

Sim, eu voltei!
Não, eu não estou fugindo de nada!
No meu ponto de vista não sou maluca, rs

Vou fazer aqui um FAQ (perguntas mais frequentes), para sanar as dúvidas de quem tiver, ou de quem estiver sem nada melhor para fazer no momento e venha ler aqui, rs.

Primeiramente, uma música:
https://www.youtube.com/watch?v=53KjE8IDqS4

Dá o play e vamos nessa:

1. Mas você está indo a trabalho?
Não, eu arrumei um trabalho em Jeri, e vim. Mandei currículos, falei com conhecidos, e cá estou. Nem sempre é assim, muita gente vem para cá sem nada em vista, e se arruma por aqui, é mais simples do que parece, aqui precisa de muita mão de obra, então, basicamente é um salto de coragem, que tem tudo para dar certo.

2. Você vai trabalhar no mesmo lugar que antes? Vai ser ótimo!
Não vou, estou num projeto novo e empolgante, aguardem! hehehe

3. Você tá indo pela Agaxtur então?
Não, eu pedi as contas lá (ok, sei que você está fazendo cara de choque).

4. Nossa, mas aonde você vai morar então? Na pousada?
Não gente, morar no trabalho nunca é uma boa idéia. Vou morar com uma amiga, e - pasmem - depois eu vejo, hahaha. Estou tentando uma vida mais simples, e menos cheia de regras.

5. Mas o que aconteceu para você mudar assim tão radicalmente?
A vida acontece né? Se eu estivesse indo para outro país o espanto seria menor, eu gosto de Jeri, e quero equilibrar mais a minha vida.

6. Mas e seus pais? Sua irmã? Seus amigos?
Vão sentir a minha falta, e eu a deles. E vamos nos visitar. O amor é muito maior do que presença física.

7. Mas é caro viver em Jeri? Quanto você vai pagar de aluguel? Como funciona?
Gente, isso lá é pergunta que se faça? A nossa sociedade não discute isso abertamente, mas fiquem a vontade para pesquisar preços de aluguel aqui na vila, nos grupos do Facebook (como o Mural de Jericoacoara) tem muitas informações de vida cotidiana.
Mas como em todos os lugares, são muitas oportunidades e possibilidades diferentes.

8. Mas quando você volta?
Não sei nem se volto, haha

9. E o apto em São Paulo?
Não resolvi ainda.

10. Bônus
Eu estou numa fase da minha vida em que quero me encontrar e fazer o que realmente me dá prazer. Isso requer coragem, para alguns de voltar a estudar, outros de juntar suas vidas com as de outras pessoas, e para mim foi mudar para cá. Meu conceito de viver bem, é ter tempo de apreciar coisas mais simples, cuidar de mim e ter um envolvimento com a comunidade, coisas que encontro com mais facilidade aqui, ao menos nesse momento.


XOXO
T.